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domingo, 15 de outubro de 2017

Eugenio Gudin: A Desordem Monetaria Internacional (1973)

A DESORDEM MONETÁRIA INTERNACIONAL
 Eugenio Gudin 
O Globo, 17/09/73

 

O pecado original que deu lugar à crise monetária internacional que ainda perdura foi, como se sabe, o de terem os Estados Unidos abusado do privilégio de que gozava o dólar, de ser também moeda internacional, como tal recebido e aceito pelo mundo afora. Os Estados Unidos esbaldaram-se despejando dólares no mundo através da guerra do Vietnam e de enormes investimentos na Europa, além do fluxo habitual de turismo. A enorme massa de dólares que ficou ricocheteando pela Europa de país a país tem grande responsabilidade na inflação que se infiltrou na Europa onde atingiu 7% e 8% e mais ao ano, em países de ordem monetária tradicional como Suíça e Alemanha Ocidental.

O que há de curioso na presente conjuntura é que o dólar se depreciou muito mais internacionalmente do que dentro dos Estados Unidos. A taxa de câmbio atual do dólar em termos de marco alemão (julho de 1973) é de apenas de 2,38 marcos por dólar, mas um dólar nos Estados Unidos tem um poder de compra equivalente a 3,17 marcos. Igualmente, a taxa de câmbio na Suíça é de 2,86 francos suíços por dólar, entretanto um dólar compra nos Estados Unidos o equivalente a 3,90 franco suíços.

É um caso típico de desvio da paridade do poder de compra, oriundo de itens outros que não os referentes a mercadorias, especialmente transferência de capitais.

A inflação nos Estados Unidos, a partir de 1965, foi em parte uma inflação de demanda oriunda de vastos déficits orçamentários (RS$ 25 bilhões em 1972, ora estimado em US$ 15 bilhões para 1973), e em outra parte, uma inflação de custos por elevação excessiva de salários em anos recentes (ferroviários 42% em 42 meses, siderúrgicos 30% em 3 anos, General Motors, etc), além da inflação de caráter internacional oriunda das recentes desvalorizações do dólar que encarecem os preços das mercadorias importadas.

Mas a inflação na Europa, oriunda basicamente da expansão de crédito vinda do excesso de dólares flutuantes, não ficou atrás da dos Estados Unidos.

O atual desequilíbrio monetário internacional é devido muito mais aos movimentos de capitais do que às disparidades inflacionárias entre os Estados Unidos e a Europa. Os Estados Unidos, aparentemente mais preocupados com sua atividade econômica interna do que com seu balanço de pagamentos, mantém taxas de juros reputadas baixas, pouco atraentes portanto para dinheiro do exterior. Por outro lado, a falta de confiança no dólar fez com que a esperada repatriação de dólares depois da desvalorização não se verificasse. A demanda de dólares por parte das empresas americanas e das empresas multinacionais, bem como dos árabes do petróleo, não tem correspondido à expectativa.

Do lado das mercadorias (balanço de comércio) a situação está melhorando com o grande encarecimento dos artigos importados à nova taxa cambial; por exemplo, um Volkswagen que custava US$ 1.900,00 passou para US$ 2.300,00. Os algarismos do balanço comercial continuam a melhorar conquanto as exportações não tenham tido o impulso que se poderia esperar. Por outro lado, a importação de petróleo cresceu em volume e em preço; os turistas americanos continuam a voar para o exterior mesmo com preços vinte e cinco por cento mais altos; 600 mil militares no estrangeiro e os empresários americanos continuam a exportar capitais.

Em artigo escrito, neste jornal, em setembro do ano passado, sobre a crise monetária internacional, eu dizia:

"O problema não é fácil nem de rápida solução. Exige muito tempo, talvez anos para sedimentar-se em um consenso generalizado”.

A hipótese de nova volta ao padrão-ouro está fora de cogitação. A crise atual, se de um lado desprestigiou o dólar, serviu, de outro, para mostrar como o ouro é sujeito às influências da especulação e das variações do volume produzido, o que o torna impróprio para servir de padrão de valor para todas as moedas.

Donde se vê que as perspectivas de curto prazo não são animadoras. Nem o projeto Nixon round, de reduções tarifárias, nem a reunião de Nairóbi do FMI, em setembro, nem a Comissão dos Vinte (nem que fossem 40) solucionarão o caso.

O único remédio é o esforço persistente - sobretudo dos Estados Unidos - para restabelecer a confiança no dólar e o equilíbrio de seu balanço de pagamentos, ao nível da taxa cambial que for.

Vencida essa primeira etapa é que se poderá organizar um novo esquema monetário internacional.

Eugênio Gudin Filho nasceu no dia 12 de julho de 1886, no Rio de Janeiro, e morreu em 24 de outubro de 1986. Considerado o pai do liberalismo e um dos grandes responsáveis pela difusão dos estudos econômicos no Brasil por mais de 50 anos, teve seu trabalho e suas obras reconhecidos em todo o país. Muitos creditam a ele a liderança da corrente liberal no Brasil e o interpretam como o economista mais importante entre 1930 e 1964.

sábado, 14 de outubro de 2017

Horário de verão: ar condicionado elimina o ganho com luz solar

RELÓGIOS ADIANTADOS

Horário de verão começa à meia-noite

Mudança no horário vale até o dia 18 de fevereiro de 2018

14 out, 2017

 Horário de verão começa à meia-noite

Moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste deverão adiantar os relógios em uma hora.

O horário de verão de 2017 começa à meia-noite deste domingo, 15, e se estende até o dia 18 de fevereiro de 2018.

Os moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste deverão adiantar os relógios em uma hora para se adequar à medida.

Neste ano, o governo chegou a cogitar acabar com o horário de verão. Um estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e do Ministério de Minas e Energia concluiu que a “adoção desta política pública atualmente traz resultados próximos à neutralidade para o consumidor brasileiro de energia elétrica, tanto em relação à economia de energia, quanto para a redução da demanda máxima do sistema”.

A equipe presidencial avaliou, no entanto, que o horário de verão já se tornou um hábito da população, e o governo decidiu manter a medida neste ano. Para 2018, o tema ainda será analisado.

O horário de verão foi criado com o objetivo de economizar energia no país em função do maior aproveitamento do período de luz solar. Mas o valor economizado com a medida vem diminuindo a cada ano de forma significativa. De acordo com o ONS, o horário de pico do consumo de energia hoje está mais ligado à temperatura do que à incidência da luz solar.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Integracao Brasil-Argentina: apresentacao-debate sobre livro de Alessandro Candeas


FUNAG e a Embaixada da República da Argentina no Brasil – convidam para o Lançamento do livro “A Integração Brasil-Argentina - História de uma ideia na "visão do outro" - 2ª edição
A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), o seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) e a Embaixada da República da Argentina no Brasil,  têm a satisfação de convidá-lo para participar do lançamento do livro A Integração Brasil-Argentina - História de uma ideia na “visão do outro" - 2ª edição, de autoria do Embaixador Alessandro Candeas.
O evento será realizado no dia 17 de outubro, às 18 horas, na Embaixada da Argentina, no SES Av. das Nações  Quadra  803, Lote 12 - Brasília, DF.


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Trump e a nova corrida nuclear - Washington Post Talking Points

Trump may be kicking off a new age of nuclear weapons

The Washington Post, Talking Points, October 11, 2017

Last week, the Nobel Peace Prize was awarded to the International Campaign to Abolish Nuclear Weapons, or ICAN, a group that works to promote nuclear disarmament around the world.
Berit Reiss-Andersen of the Norwegian Nobel Committee said during the announcement that the group had been successful in “engaging people in the world who are scared of the fact that they are supposed to be protected by atomic weapons." But the award was not just for work already done: Reiss-Andersen said the prize was intended to be a "great encouragement" for ICAN and groups like it.
A story published by NBC News on Wednesday showed just how necessary that encouragement may be.
Officials told NBC that President Trump, during a July meeting about worldwide U.S. military operations, was shown a picture of how the country's nuclear weapons stockpile has declined since the 1960s. Trump then allegedly suggested he wanted a nearly tenfold increase in the U.S. nuclear arsenal to return it to its highest point of over 30,000 weapons. Other officials in the room were taken aback by Trump's comments, according to NBC, and the meeting allegedly prompted Secretary of State Rex Tillerson's now-infamous labeling of Trump as a "moron."
Ballistic missiles on display at Warren Air Force Base in Cheyenne, Wyoming, in 2001. (Michael Smith/Getty Images)
Ballistic missiles on display at Warren Air Force Base in Cheyenne, Wyoming, in 2001. (Michael Smith/Getty Images)
The president quickly denied making the request, calling it "pure fiction, made up to demean." But Trump's stance on nuclear weapons has long been murky.
On one hand, Trump has long recognized the threat of nuclear annihilation. In the 1980s, he worried about Libya and other rogue nations obtaining nuclear weapons, and even told The Post in 1984 that he wanted to help negotiate nuclear treaties with the Soviet Union. Just last year, he called nuclear proliferation "the single biggest problem we have."
Yet he's also said that the United States "must greatly strengthen and expand its nuclear capability," allegedly asked advisers why he couldn't use nuclear weapons and seemingly suggested that other nations should consider having their own nuclear weapons. Worryingly, those other nations seem to have noticed.
Writing for The Post this week, former Singaporean diplomat Bilahari Kausikan suggested it was now only a matter of time before South Korea and Japan developed their own nuclear weapons in response to the growing threat posed by North Korea's rapidly advancing nuclear program. "A six-way balance of mutually assured destruction — among the U.S., China, Russia, Japan, South Korea and North Korea — will eventually be established in Northeast Asia," Kausikan argued.
At present, there appears to be little political will in either Seoul or Tokyo for this option. But polls show widespread public support for nuclear weapons among South Koreans, and Japanese Prime Minister Shinzo Abe is keen to boost his country's military power. And a future nuclear arms race may not be limited to East Asia. A number of experts have warned that if Trump scraps the Iran deal — and it looks increasingly likely that he will — it may lead to a scramble for nuclear arms in the Middle East.
"What we don't need is for that deal to be scuttled because Iran will then take steps to move in a direction of a nuclear program, and the states in the region will also take into account what they need to do, and it could lead to a nuclear arms race," said John Brennan, then the director of the CIA, during an interview with Circa last year.
The other big nuclear worry is in Russia — already a nuclear giant, with an estimated 7,000 nuclear warheads to the United States' 6,800. Russian President Vladimir Putin has spoken recently of the need to "strengthen the military potential of strategic nuclear forces," while Trump reportedly denounced an Obama-era treaty that capped the number of nuclear weapons fielded by the two nations during a Februrary call with Putin. Some people, including former Soviet leader Mikhail Gorbachev, worry that Washington and Moscow may ultimately end up scrapping these agreements.
Much of the blame for this new era of nuclear uncertainty can be laid at the door of the American president. Trump is a man who is clearly fascinated by nuclear weapons and, as Mother Jones' David Corn writes, has frequently made comments that suggest "he believes a nuclear conflict is inevitable and perhaps destined for the near future."
At the same time, though, there are signs that he is spectacularly ignorant of the realities of the same nuclear weapons he obsesses over. Numerous proliferation experts have already chimed in to say that the increase in the number of nuclear warheads that he asked about would not only be counterproductive — it would be impossible.
Of course, not everything can be blamed upon Trump. Ultimately, the world's problems with nuclear proliferation predate him. Neither the United States nor its NATO allies were among the signatories to ICAN's Treaty on the Prohibition of Nuclear Weapons. The Obama administration was in fact a leading voice against this treaty, despite the former president's own hopeful rhetoric about a nuclear-free world.
But Trump is now the man with the nuclear codes, and ICAN's work has now become that much more urgent — a fact the group acknowledged when they spoke to The Post's Michael Birnbaum last week. "We do not have to accept this [risk]," said Beatrice Fihn, the Swedish executive director of ICAN. "We do not have to live with the kind of fear that Donald Trump could start a nuclear war that would destroy all of us. We should not base our security on whether or not his finger is on the trigger."

Gorbachev: o apaziguador (sobre os mísseis nucleares de Russia e EUA) - The Washington Post


President Ronald Reagan and Soviet leader Mikhail Gorbachev at a signing ceremony for the Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty in the White House on Dec. 8, 1987. (Barry Thumma/AP)
Mikhail Gorbachev was leader of the Soviet Union from 1985 to 1991.
 











This December will mark the 30th anniversary of the signing of the treaty between the Soviet Union and United States on the elimination of intermediate- and shorter-range missiles. This was the start of the process of radically cutting back nuclear arsenals, which was continued with the 1991 and 2010 strategic arms reduction treaties and the agreements reducing tactical nuclear weapons.
The scale of the process launched in 1987 is evidenced by the fact that, as Russia and the United States reported to the Non-Proliferation Treaty Review Conference in 2015, 80 percent of the nuclear weapons accumulated during the Cold War have been decommissioned and destroyed. Another important fact is that, despite the recent serious deterioration in bilateral relations, both sides have been complying with the strategic weapons agreements.
The Intermediate-Range Nuclear Forces (INF) Treaty, however, is now in jeopardy. It has proved to be the most vulnerable link in the system of limiting and reducing weapons of mass destruction. There have been calls on both sides for scrapping the agreement.
So what is happening, what is the problem, and what needs to be done?
Both sides have raised issues of compliance, accusing the other of violating or circumventing the treaty’s key provisions. From the sidelines, lacking fuller information, it is difficult to evaluate those accusations. But one thing is clear: The problem has a political as well as a technical aspect. It is up to the political leaders to take action.
Therefore I am making an appeal to the presidents of Russia and the United States.
Relations between the two nations are in a severe crisis. A way out must be sought, and there is one well-tested means available for accomplishing this: a dialogue based on mutual respect.
It will not be easy to cut through the logjam of issues on both sides. But neither was our dialogue easy three decades ago. It had its critics and detractors, who tried to derail it.
In the final analysis, it was the political will of the two nations’ leaders that proved decisive. And that is what’s needed now. This is what our two countries’ citizens and people everywhere expect from the presidents of Russia and the United States.
I call upon Russia and the United States to prepare and hold a full-scale summit on the entire range of issues. It is far from normal that the presidents of major nuclear powers meet merely “on the margins” of international gatherings. I hope that the process of preparing a proper summit is in the works even now.
I believe that the summit meeting should focus on the problems of reducing nuclear weapons and strengthening strategic stability. For should the system of nuclear arms control collapse, as may well happen if the INF Treaty is scrapped, the consequences, both direct and indirect, will be disastrous.
The closer that nuclear weapons are deployed to borders, the more dangerous they are: There is less time for a decision and greater risk of catastrophic error. And what will happen to the Nuclear Non-Proliferation Treaty if the nuclear arms race begins anew? I am afraid it will be ruined.
If, however, the INF Treaty is saved, it will send a powerful signal to the world that the two biggest nuclear powers are aware of their responsibility and take their obligations seriously. Everyone will breathe a sigh of relief, and relations between Russia and the United States will finally get off the ground again.
I am confident that preparing a joint presidential statement on the two nations’ commitment to the INF Treaty is a realistic goal. Simultaneously, the technical issues could be resolved; for this purpose, the joint control commission under the INF Treaty could resume its work. I am convinced that, with an impetus from the two presidents, the generals and diplomats would be able to reach agreement.
We are living in a troubled world. It is particularly disturbing that relations between the major nuclear powers, Russia and the United States, have become a serious source of tensions and a hostage to domestic politics. It is time to return to sanity. I am sure that even inveterate opponents of normalizing U.S.-Russian relations will not dare object to the two presidents. These critics have no arguments on their side, for the very fact that the INF Treaty has been in effect for 30 years proves that it serves the security interests of our two countries and of the world.
In any undertaking, it is important to take the first step. In 1987, the first step in the difficult but vitally important process of ridding the world of nuclear weapons was the INF Treaty. Today, we face a dual challenge of preventing the collapse of the system of nuclear agreements and reversing the downward spiral in U.S.-Russian relations. It is time to take the first step.

Distribuição de renda no Brasil: historicamente desigual

Sociologia 

Tese sobre história da desigualdade no Brasil é premiada pela Capes

Por Ligia Guimarães
Valor Econômico, 10/10/2017

SÃO PAULO  -  O trabalho "A desigualdade vista do topo: a concentração de renda entre os ricos no Brasil, 1926-2013", publicado em 2016 pelo pesquisador Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza, venceu o prêmio Capes 2017 de melhor tese de doutorado em sociologia.
Souza é  doutor em Sociologia e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em desigualdade e pobreza. No trabalho, orientado por Marcelo Medeiros, também do Ipea, Souza elaborou a série mais longa disponível até hoje sobre qual é a fatia da renda nacional apropriada pelo topo mais rico ao longo da história. 
"É um prêmio muito importante. E o trabalho também. A pesquisa do Pedro é mais do que um estudo sobre desigualdade, ela conta a história da economia brasileira sob uma perspectiva nova, a da concentração da renda ao longo do tempo", afirmou Marcelo Medeiros.
Os cálculos de Souza já indicavam, no ano passado, que em 2013, da renda total do país, 51,5% ficavam nas mãos dos 10% mais ricos, ante 49,4% em 2000. A fatia do 1% mais rico (com renda média de R$ 635 mil por ano, ou R$ 53 mil por mês) também permaneceu elevada, nos cálculos de Souza: era de 22,2% e passou a 22,9% em 2013. "Houve mais uma redistribuição, digamos assim, entre os 80% mais pobres, e não dos mais ricos para os mais pobres", diz Souza.
Souza, junto com seus colegas de Ipea Fábio Castro e Marcelo Medeiros, foi autor dos trabalhos pioneiros, no Brasil, com uso de dados do Imposto de Renda para calcular desigualdade social. Informações sobre o IR começaram a ser divulgadas regularmente e em detalhes pela Receita Federal em 2014.
A metodologia, que ganhou visibilidade nos trabalhos do francês Thomas Piketty, ameniza um problema observado nas pesquisas domiciliares de renda no mundo todo, baseadas em entrevistas de uma amostra de famílias, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE: elas captam mal as rendas mais altas, que acabam subestimadas. No IR, a obrigação legal da declaração torna a amostra mais abrangente e realista.

Leia as reportagens que o Valor já publicou a respeito do trabalho acadêmico de Souza:

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Che Guevara: depoimento do agente cubano da CIA que esteve presente na sua captura

“Foi duro dar a ordem para eliminar o Che”
EL PAÍS, 9/10/207

O agente cubano da CIA que participou da captura de Che Guevara na Bolívia, Félix Rodríguez, recebe a reportagem aos seus 76 anos em sua casa de Miami rodeado de recordações de sua carreira de soldado da Guerra Fria. Pistolas, punhais, granadas e fotografias suas com presidentes dos EUA e espiões que já não existem. A produtora espanhola Scenic Rights prepara um documentário sobre sua vida. Veterano do Vietnã e envolvido no combate à insurgência na América Central, Rodríguez afirma que a CIA queria o guerrilheiro vivo para interrogá-lo, mas o Governo da Bolívia ordenou a sua execução. “Tentei salvá-lo, sem sucesso”, diz, apesar de considerar Ernesto Guevara de la Serna “um assassino”. Ao lado, em uma mesinha, tem uma velha pistola Star de fabricação espanhola. “Cuidado se pegar, está carregada. Eu sempre tenho algo por perto, caso necessário”, diz o homem que aparece com ares de satisfação à direita de Che em sua última foto – esfarrapado, de pé – antes de ser executado por um sargento boliviano.

Félix Rodríguez, no último sábado em sua casa em Miami.© Fornecido por Prisa Noticias Félix

–Essa é sua última imagem vivo.
–Sim –responde–. A última tirada antes de ele morrer.

–Em La Higuera.
–Exato. Em La Higuera.

–Quem tirou a foto?
–A foto foi tirada pelo piloto do helicóptero, o major boliviano Jaime Niño de Guzmán.

–Quem pediu para a foto ser tirada e para que?
Rodríguez, codinome El Gato em seus tempos de operações especiais, precisa entrar em detalhes para responder a esta pergunta. Retornar em sua memória à Bolívia no ano de 1967 e contar aquilo detalhadamente. “Me deixe contar a história”, diz.

Durante 20 minutos, pega o fio e o estende do momento em que o avisam da queda de Guevara até uma câmera retratar seu último olhar.

O monólogo –abreviado– diz assim:
“Nós recebemos a informação da captura do Che no domingo oito de outubro pela manhã. Um grupo de jovens soldadinhos que falavam quéchua, aymara e guarani foi treinado para ir na vanguarda do batalhão para recolher informações e inteligência em roupas civis, porque assim era mais fácil falar com os camponeses. E essas pessoas em roupas civis retornam às sete da noite, no sábado, e dão a informação ao capitão Gary Prado de que um camponês lhes mostrou uma área chamada La Quebrada del Yuro onde estavam escondidos os guerrilheiros; porque esse camponês tinha uma plantação bem perto dali e os viu.

Então, com essa informação o capitão Gary Prado cerca a Quebrada del Yuro às sete da noite. E no domingo oito de outubro começa a avançar de manhã e aí começa o tiroteio. Nessa operação o Che é ferido na perna esquerda, um tiro entre o joelho e o tornozelo, mas nada muito sério. Lá morre a maior parte dos guerrilheiros e morrem alguns soldados, e é onde cai preso Che Guevara, que estava sendo auxiliado para tentar escapar por Simeón Cuba Sarabia, codinome Willy, um guerrilheiro boliviano baixinho, moreninho, com uma barba enorme, acho que uma barba maior do que a dos próprios cubanos, e esse não tinha um arranhão. Che é preso com ele. E no momento em que vão prendê-lo, os soldadinhos me contam, Che diz: “Não atirem que sou o Che. Eu valho mais vivo do que morto para vocês”. E então o levam e o mandam à escolinha de La Higuera e o colocam – olhando a escolinha de frente – na sala da esquerda, e atrás dele, no mesmo quartinho, colocam os cadáveres dos cubanos.

Aí então eles me mandam a informação de manhã em código, que dizia: “Papai cansado”, o que significava que o líder da guerrilha estava preso e vivo. Mas não sabíamos se “Papai” era Che Guevara ou se era Inti Peredo, que era o líder da guerrilha do lado boliviano. De modo que voamos à área de operações e verificamos que “Papai cansado” era Che Guevara.

O estrangeiro. Não disseram o Che, disseram “o estrangeiro".

Essa noite tivemos uma recepção em um hotelzinho de Vallegrande, com velas porque não havia eletricidade, e eu peguei duas garrafas de scotch que havia comprado havia tempos para um evento como este, para comemorar. Isso era na noite de domingo, o dia em que ele foi preso.

No dia seguinte, nove de outubro, às sete da manhã decolamos em um pequeno helicóptero pilotado por Niño de Guzmán. Aterrissamos ao lado da escolinha onde Che estava preso e estavam nos esperando todos os oficiais do batalhão, entre eles o tenente coronel Selich que estava com toda sua documentação. Che usava uma bolsa de couro como as que as mulheres carregam, grande, de cor clara, e dentro tinha um livro grande que era um diário com os meses escritos em alemão, de 67, mas claro, escrito por ele em espanhol. Dentro tinha uma série de fotografias da família, medicamentos para a asma, livrinhos para mensagens em código numérico de uma só via, que são impossíveis de se decifrar. Tinha alguns caderninhos negros de espiral escritos à máquina de escrever e assinados por um tal Ariel, que eram as mensagens que ele recebia de Cuba. Mas ele não podia transmitir a Cuba porque Cuba lhe deu para isso um transmissor quebrado, porque ele foi enviado para lá para ser morto. Porque Che era pró-China e Cuba dependida da URSS. Ou seja, os soviéticos não tinham nenhum interesse no sucesso de Che Guevara na Bolívia. Foi deixado só, para que o matassem ali, definitivamente.

Então entramos na escolinha e em uma sala estava o Che jogado no chão, com as mãos e os pés amarrados embaixo de uma janela que havia ao lado da porta, e atrás os dois cadáveres. O único que falou foi o coronel Centeno Anaya. Fazia perguntas, mas o Che olhava para ele e não respondia nada. Nem falou com ele. A tal ponto que o coronel disse: “Escuta, você é um estrangeiro, invadiu meu país. Pelo menos poderia ter a cortesia de responder”. Nada.
A última fotografia de Che Guevara na Bolívia antes de sua execução. Ao lado direito dele, o agente cubano da CIA Félix Rodríguez.© Fornecido por Prisa Noticias

Aí pergunto ao coronel se pode me fornecer a documentação do Che para fotografá-la para meu Governo e ele dá ordem ao tenente-coronel Selich que entregue tudo para mim. Ele me entrega aquela carteira de couro e vou trabalhar com a documentação em outro lugar. Ia fotografando o diário e voltava para falar com o Che. Entrava e saía constantemente, de manhã até a uma da tarde. Quando estava fazendo isso toca o telefone e um dos soldados me diz: “Meu capitão, uma ligação”. Vou até o telefone e me dão “ordens superiores: 500–600”. Era um código muito simples que tínhamos estipulado.

500 era o Che Guevara.
600, morto.
700, mantê-lo vivo.
Peço que repitam. Voltam a confirmar.
“Ordens do Alto Comando: 500–600”.

Quando Centeno Anaya chega, eu o chamo de lado e digo: “Coronel, chegaram instruções do seu Governo para eliminar o prisioneiro. As do meu Governo são de tentar salvar a vida dele e temos helicópteros e aviões para levá-lo ao Panamá para um interrogatório”. Ele responde: “Olha, Félix, as ordens são do Presidente e do Comandante das Forças Armadas”. Olhou para o relógio e disse: “Você tem até as duas da tarde para interrogá-lo. E às duas horas você pode executá-lo da maneira que quiser porque sabemos o dano que fez para seu país. Mas eu quero que você, às duas da tarde, me traga o cadáver do Che Guevara”. Eu respondi: “Coronel, tentei que o senhor mudasse de idéia, mas se não chegar uma contraordem dou minha palavra de homem que vou entregar o cadáver do Che”.

Mais tarde, ao falar com o Che, vem o piloto Niño de Guzmán com uma câmera Pentax do chefe de Inteligência. “Meu capitão, o major Saucedo quer uma foto com o prisioneiro”. Olho para o Che e digo: “Comandante, você se importa?”. Ele disse: “Não me importo”. Então caminhamos. Ele andava com dificuldade pela bala na perna esquerda. Saímos da escolinha e foi aí que paramos para fazer aquela foto. Eu dou minha própria câmera ao piloto e digo ao Che: “Comandante, olhe o passarinho”. Ele começou a rir, porque é o que falamos em Cuba para as crianças.

“Criança, olhe o passarinho”.

Na verdade, acho que ele estava rindo no momento em que a foto foi batida. Mas, obviamente, mudou para esta expressão que você vê agora. Eu usava o uniforme das tropas especiais dos EUA, mas sem nenhuma insígnia. Eu tinha aí 26 anos. Ele, 39. Parecia um mendigo. As roupas estavam surradas, sujas. Não tinha botas, eram uns pedaços de couro amarrados nos pés. O cabelo ensebado. Realmente, às vezes eu estava falando com ele e não prestava atenção ao que estava dizendo, porque nunca o tinha visto pessoalmente, mas me lembrava das imagens do Che quando visitou Moscou, quando estava com os russos ou quando visitou Mao Zedong em Pequim. Aquele homem arrogante, com aqueles casacos bonitos. E ver este homem agora como um cara que estava pedindo esmola. Dava pena.

- Qual foi para você o maior defeito e a maior virtude do Che?

- Virtude acho que não tinha nenhuma. O que posso dizer é que o homem era dedicado aos seus ideais, que obviamente estavam errados e foram um desastre total. E que nos próprios treinamentos, me disse gente que treinou com ele, era muito persistente. Estava cansado, morto e tentava continuar. Não desistia. Mas, por outro lado, foi um assassino que gostava de matar pessoas e estava cheio de ódio pelo inimigo. Uma pessoa que mandou fuzilar milhares de cubanos.
Félix Rodríguez, em sua casa de Miami.© Fornecido por Prisa Noticias

- A captura dele foi a maior conquista de sua carreira?
- Uma das principais, embora seja a que ficou mais famosa.

- Existe alguma operação que não gosta de se lembrar?
- Possivelmente o episódio mais duro foi precisamente quando tive que comunicar a ordem, de parte do Governo boliviano, para que eliminassem o Che. Embora também tenha pensado no desastre causado em minha pátria no momento em que deixaram Fidel Castro em liberdade.

- Comunicou a ordem na frente de Guevara?
- Não, eu recebo a comunicação e depois entro na sala, paro na frente dele e digo: “Comandante, sinto muito, é uma ordem superior”. E ele entendeu perfeitamente o que eu estava dizendo.

- O que ele disse?
- “É melhor assim. Eu nunca deveria ter caído prisioneiro vivo”. Então tirou o cachimbo e disse: “Quero dar este cachimbo a um soldado boliviano que se portou bem comigo”. Guardei o cachimbo e perguntei: “Quer algo para sua família?”. E ele me respondeu, diria que de forma sarcástica: “Bem, se puder diga a Fidel que logo verá uma revolução triunfante na América”. Eu interpreto como se tivesse dito a Fidel: “Você me abandonou, mas isso vai triunfar de qualquer maneira”. Depois mudou de expressão e disse: “Se puder, diga para a minha mulher se casar de novo e tentar ser feliz”. Essas foram suas últimas palavras. Ele se aproximou de mim, apertamos as mãos, demos um abraço, ele deu uns passos para trás e ficou parado pensando que era eu que ia matá-lo.

- O que aconteceu com o cachimbo?
- Olha, foi uma das coisas que me arrependo. Tirei o tabaco e guardei. Inclusive na culatra de um dos revólveres que uso tenho parte do fumo da última vez que ele usou, enfiada em um vidrinho. Depois veio o sargento Mario Terán dizendo: “Meu capitão, quero o cachimbo! Eu o matei, eu mereço!”. E eu, que por dentro, não queria ter que cumprir um desejo dele, sabendo tudo que tinha feito com a minha pátria, peguei o cachimbo e dei ao sargento: “Tome, para que se lembre do seu feito” [diz com tom de rechaço]. Pegou o cachimbo, abaixou a cabeça e foi embora.

- O que mais chamou sua atenção quando viu o Che?
- Ver um homem tão destruído.

- O que sentiu ao falar com ele?
- Naquele momento, honestamente, não tinha percepção do que estava acontecendo, a magnitude que tinha aquela operação. Para mim, era mais uma operação. Para mim, o Che Guevara não era grande coisa, não era a figura que Cuba depois fabricou.

- Ficou surpreso com algo que ele disse?
- Toda vez que eu fazia perguntas de interesse tático para nós, ele respondia: “Você sabe que não posso responder isso”. Por outro lado, houve um momento em que começamos a falar sobre a economia cubana, e ele começou a culpar o embargo americano por tudo. Disse a ele: “Comandante, você foi presidente do Banco da Nação e nem era economista” Então, ele respondeu: “Você sabe como cheguei a presidente do Banco?”. E me conta: “Um dia entendi que Fidel estava pedindo um comunista dedicado e levantei minha mão. Mas estava pedindo um economista dedicado”.

- Presenciou a execução dele?
- Não. Não tinha nenhum interesse em ver aquilo. Fui para outro lugar e me sentei em um banquinho a uns cem metros para tomar notas. Ouvi uma rajada curta e anotei: uma e quinze da tarde. A hora exata em que foi executado.

Por que os juros são tão altos no Brasil?

Ricardo Bergamini explica porque:

Prezados Senhores

Em 06/09/17 o Banco Central divulgou a nova taxa SELIC em 8,25% ao ano e a estupidez coletiva brasileira não consegue explicar o motivo pelo qual as taxas de mercado do crédito livre no mês de agosto de 2017 estavam em média a 36,7% ao ano, ou seja: 4,45 vezes maiores. Ficando a impressão de que os bancos são os ladrões dessa fortuna, quando na verdade é o próprio governo. 

A aberração do depósito compulsório no Brasil

Ricardo Bergamini 

Premissas básicas com base na média do ano de 2016: 

1 – Custo de carregamento da dívida interna da União: 13,00% ao ano (Fonte: Ministério da Fazenda)

2 – Percentual do depósito compulsório total (remunerado e sem remuneração): 78,12% (Fonte Banco Central). 

A - Se um banco tivesse a quantia de 100 dinheiros disponíveis para aplicação ele teria duas opções:

A.1 - Comprar títulos do governo federal, nesse caso seria isento do depósito compulsório e receberia no final de um ano 13,00% de 100 dinheiros, ou seja: 13,00 dinheiros.

A.2 - Emprestar ao público (empresas e famílias), nesse caso o banco teria que recolher ao Banco Central 78,12% dos 100 dinheiros disponíveis, ou seja: 78,12 dinheiros, ficando com apenas 21,88 dinheiros para emprestar.

Para obter o mesmo ganho que teria na aplicação de títulos públicos de 13,00 dinheiros no ano, o banco teria que empresta os 21,88 dinheiros restantes a uma taxa correspondente a 4,57 maiores do que a taxa de aplicação nos títulos públicos de 13,00% ao ano, nesse caso seria a uma taxa de 59,41% ao ano.

Resumo do exemplo hipotético:

I - Aplicação em títulos federais - 100 dinheiros a 13,00% ao ano daria um rendimento de 13,00 dinheiros em um ano.

II – Aplicação de 21,88 dinheiros a uma taxa de 59,41% ao ano daria um rendimento de 13,00 dinheiros em um ano.

Conclusão: 

Em vista do acima demonstrado, se a taxa SELIC no Brasil tivesse sido em 2016 iguais a dos Estados Unidos de 1,00% ao ano, apenas pelo efeito do depósito compulsório, o custo médio dos juros de mercado teria sido de 4,57% ao ano. 

Spread Bancário

É composto das seguintes despesas: administrativa, inadimplência, custo com depósito compulsório sem remuneração, tributos, impostos, taxas e lucro. 

O percentual varia em função de cada tipo de operação, bem como de banco para banco. 

Nota: Cabe lembrar que, como na nossa análise não consideramos que alguns depósitos compulsórios são remunerados, é óbvio que há uma pequena divergência entre a taxa apurada no estudo (59,41% ao ano) e a taxa oficial apurada pelo Banco Central para os créditos livres que foi de 52,00% ao ano em 2016. 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br

 

  


terça-feira, 10 de outubro de 2017

Oswaldo Aranha, um estadista brasileiro, vols. 1 e 2, em breve disponiveis

Recebi hoje as provas dos dois volumes que preparamos, Rogério de Souza Farias e eu, com as obras mais importantes do grande estadista brasileiro de origem gaúcha. Em uma semana vão estar disponíveis na Biblioteca Digital da Funag.
Por enquanto, limitei-me a postar as capas, a registrar os meus textos nestes dois volumes e transcrever o sumário geral da obra:



1267. “O chanceler no conflito global (1939-1945)”, Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias (organizadores), Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 1o. volume; ISBN: 978-85-7631-696-1, pp. 197-233. Relação de Originais n. 3160.
 

1268. “O estadista econômico”, in: Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias (organizadores), Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 2o. volume; ISBN: 978-85-7631-697-8, pp. 569-599. Relação de Originais n. 3161.


1269. “O estadista político”, in: Sérgio Eduardo Moreira Lima, Paulo Roberto de Almeida e Rogério de Souza Farias (organizadores), Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro. Brasília: Funag, 2017, 2o. volume; ISBN: 978-85-7631-697-8, pp. 745-759. Relação de Originais n. 3162.

Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro

Sérgio Eduardo Moreira Lima,

Paulo Roberto de Almeida e

Rogério de Souza Farias

(organizadores)

Brasília: Funag, 2017, 2 volumes

1o. volume; ISBN: 978-85-7631-696-1

2o. volume; ISBN: 978-85-7631-697-8

 

Sumário

volume 1


Prefácio. Oswaldo Aranha: diplomata e estadista
         Sérgio E. Moreira Lima
Cronologia
Oswaldo Aranha: the evolution of his strategic vision
         Stanley Hilton

Parte I: Diplomacia hemisférica (1934-1939)
Introdução geral
Rogério de Souza Farias
O homem de virtù. Oswaldo Aranha em Washington (1934-1937)
         Carlos Leopoldo G. de Oliveira
Textos Oswaldo Aranha
Entre a Europa e a América (1934)
A chegada nos Estados Unidos (1934)
Um elogio à civilização americana (1936)
Limite, fronteira e paz (1937)
Retorno da Embaixada em Washington (1937)
Posse no Ministério das Relações Exteriores (1938)
Paz para a América: assinatura da paz do Chaco (1938)
A vulnerabilidade das Américas (1939)
Pan-americanismo (1939)
Retorno da Missão aos Estados Unidos (1939)
Avaliação da Missão Aranha (1939)
Reassumindo  Itamaraty (1939)

Parte II: O chanceler no conflito global (1939-1945)
Introdução
         Paulo Roberto de Almeida
Oswaldo Aranha e os refugiados judeus
         Fábio Koifman
Textos Oswaldo Aranha
Fronteiras e limites: a política do Brasil (1939)
A preparação para a guerra (1939)
Conferência sobre a história diplomática brasileira (1940)
Reunião de consulta dos chanceleres americanos (1942)
O papel do Itamaraty na política do Brasil (1942)
O torpedeamento de navios brasileiros (1942)
O Brasil e a comunidade britânica (1942)
A carta a Vargas: planejando o pós-guerra (1943)
A América no cenário internacional (1943)
Um ano da entrada do Brasil na guerra (1943)
A Sociedade dos Amigos da América (1945)
Comício das quatro liberdades (1945)
Liga da Defesa Nacional (1945)

Parte III - Multilateralismo e pós-guerra (1947-1958)
Introdução
         Rogério de Souza Farias
Textos Oswaldo Aranha
A conception of world order (1947)
Homenagem nas Nações Unidas (1947)
A profile of Brazil (1947)
Sessão Especial da ONU: Partilha da Palestina (1947)
Abertura da II Assembleia Geral da ONU (1947)
A new order through the United Nations (1947)
A crise da consciência universal (1948)
Regional systems and the future of UN (1948)
A ONU e a nova ordem mundial (1948)
Entre a paz e a guerra (1949)
Formatura no Instituto Rio Branco (1950)
O Brasil e o pós-guerra (1950)
Estados Unidos e Brasil na Guerra Fria (1953)
A última missão na ONU (1957)
Um balanço da Assembleia Geral da ONU (1957)
Dez anos nas Nações Unidas (1957)
Reatamento das relações com a União Soviética (1958)
Discurso na ESG: o bloco soviético (1958)

volume2

Parte IV - O estadista econômico
Introdução
         Paulo Roberto de Almeida
Textos Oswaldo Aranha
Renegociação da dívida externa (1934)
Nacionalismo econômico na Constituinte (1934)
Comparando as economias do Brasil e dos Estados Unidos (1936)
Soluções nacionais para os problemas de cada país (1937)
Tratado de integração econômica Brasil-Argentina (1941)
The rise of interdependence (1947)
De volta ao Ministério da Fazenda (1953)
A situação financeira e econômica do país (1953)
O parlamento e as finanças (1953)
Os fundamentos do Plano Aranha (1953)
O problema da dívida brasileira (1954)
O café e o Brasil (1954)

Parte V - O estadista político
Introdução
         Paulo Roberto de Almeida
Textos Oswaldo Aranha
A Revolução (1930)
Despedida do Ministério da Justiça (1931)
Roosevelt: o único estadista mundial (1945)
A relevância de Rui Barbosa (1945)
Democracia, Estado Novo e relações internacionais (1945)
Os governos e o povo (1947)
Discurso no túmulo de Vargas (1954)
Compreendendo o suicídio de Vargas (1954)
A despedida do estadista (1959)

Frases de Oswaldo Aranha
Referências bibliográficas
Sobre os autores

 
Aguardem mais um pouco...
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 10 de outubro de 2017