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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Bases da dominancia ideologica do lulopetismo - Paulo Roberto de Almeida

Bases ideológicas da dominância política do lulopetismo

Paulo Roberto de Almeida

A dominância política do lulopetismo na sociedade brasileira, que é ou foi um fato, baseia-se em dois pilares, para além de resultados eleitorais favoráveis que, justamente, refletem esses dois fatos: a crença nas virtudes proclamadas pelo lulopetismo na resolução de alguns dos grandes problemas da sociedade brasileira (pobreza, desemprego, carências reais em matéria de saúde, educação, segurança, habitação, renda, etc.), e a contínua publicidade em torno dessas virtudes das políticas propostas pelos lulopetistas para equacionar e resolver esses problemas, bem como na atribuição de responsabilidades por uma situação negativa a supostos "inimigos do povo", que seriam políticos e partidos não identificados com, ou opostos às políticas e propostas dos lulopetistas, ou a fatores objetivos que poderiam ser vencidos por eles: as elites, o capitalismo, o imperialismo, os ricos, os donos de terra, a "grande mídia", o neoliberalismo, e por aí vai. 
Para que tenha sucesso, essa "estratégia" tem de vir embasada em duas outras "forças" que podem ser criadas ou alimentadas por quem tenha condições de fazê-lo: por um lado, poderosas crenças sociais nas virtudes daquelas políticas "boas" e naquela concepção do mundo que sustenta essas crenças; por outro lado, uma publicidade, ou propaganda poderosa que reforce essas crenças, que, independentemente de estarem certas ou erradas, precisam de meios materiais para se manter, para se multiplicar, para penetrar meios sociais cada vez mais amplos. 
O lulopetismo teve a seu favor, para ser bem sucedido na primeira linha, crenças já existentes na sociedade, criadas por essa categoria que eu chamo de acadêmicos gramscianos -- não precisa ler ou conhecer Gramsci, basta atuar no universo conceitual que ele elaborou -- e continuamente reiteradas pela estrutura de ensino, nos três níveis de educação abertos à população em geral. Essa foi a primeira condição e a razão do "sucesso" eleitoral do lulopetismo.
A outra perna, a da publicidade, necessita de poderosos recursos, para criar ou alimentar um poderoso exército de propagandistas das "boas causas", e de ataque sistemático aos "inimigos" das boas causas. Para isso é preciso largas somas de dinheiro, e é a isso que a máquina partidária do lulopetismo se dedicou desde o início, antes mesmo de conquistar o poder central na República. Conquistado esse poder, em 2003, tudo se tornou mais fácil: a máquina de publicidade do lulopetismo passou a dispor de quase todos os recursos do Estado, de somas fabulosas, de possibilidades gigantescas, disponíveis não só no Estado, mas também fora dele, junto a grandes capitalistas desejosos ou necessitados de contratar com o Estado, para obras de grande valor unitário, geralmente empreiteiras e construtoras, mas também banqueiros e grandes redes, que podem ser "seduzidos" ou convenientemente extorquidos.
Ambas políticas possuem o seu lado normal, digamos assim, como "doações eleitorais", por exemplo, mas também o seu lado obscuro, criminoso, que são os superfaturamentos planejados, sobrepreços, contratos fictícios, subsídios legais ou disfarçados, ou até roubos deliberados.
O PT e o lulopetismo (que se completam, mas não são exatamente a mesma coisa) usaram e usam, largamente, abundantemente, regularmente, sistematicamente, legalmente e criminosamente, dos dois expedientes para criar, manter, defender e ampliar o seu poder sobre a sociedade, a começar pelo seu próprio domínio sobre o Estado, lotando a máquina pública de militantes obedientes, comprando (literalmente) ou subornando parlamentares e mesmo máquinas partidárias inteiras, designando juízes amigos para os tribunais superiores, e sobretudo criando e multiplicando as redes sociais de divulgação de suas ideias, das crenças, da propaganda tanto correta quanto das mensagens mentirosas. 
Estas são as bases, antes durante e ainda hoje, do grande, fabuloso, poder do lulopetismo sobre a sociedade: crenças e recursos, ambos se suportando mutuamente.
Cortar os recursos, pelo menos em parte, é possível fazer, desde que se expulse, legalmente, os lulopetistas do poder. Extirpar as falsas crenças é uma tarefa muito mais difícil, pois ela radica num esforço imenso de educação e de reeducação da sociedade brasileira a partir de ideias corretas, não baseadas sobre falácias e simplismos redutores, ou falsidades deliberadas, mentiras mil vezes repetidas, para usar uma expressão consagrada. 
De minha parte, como não tenho, nem pretendo ter nenhuma atividade político-partidária, minha dedicação, sempre e no futuro previsível, se vincula à missão didática acima referida: a exposição honesta, objetiva, se possível completa, de um conjunto de argumentos de natureza política, econômica e "ideológica" (sim, a expressão é essa) sobre o mundo, sua organização, seu melhor ordenamento para fins nobres do ponto de vista social, que é a elevação dos padrões materiais e espirituais da humanidade, a começar pelo Brasil. 
Voilà: eis o sentido de minha atividade voluntária, independentemente de minha "profissão" temporária.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 25 de abril de 2016

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