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sexta-feira, 18 de março de 2016

Que Pais E' Este? - Sergio Abreu e Lima Florencio

Que País é este?
 Sérgio Abreu e Lima Florêncio
(18/03/2016)
   
O país perdeu mesmo o rumo. E o estrago -  na economia, na política, no aparelho do Estado, na sociedade  -   foi gigantesco.

A prioridade  agora, para mim, é não deixar morrer a Lava Jato.

Ela é o início de um combate firme à impunidade e à corrupção.

O Mensalão foi um bom primeiro passo, com Joaquim Barbosa como timoneiro.

A ida, no dia de hoje,  do Lula para Casa Civil é a tentativa multi-diversa:  um  golpe de morte na Lava Jato,  livrá-lo de Sergio Moro e  reforçar a luta contra o impeachment.

Naturalmente que o PT diz que nada disso é verdade.

Como arauto de uma "narrativa" pós-moderna  supostamente verdadeira, sustenta que o combate à corrupção é "ideologia do conservadorismo e do golpismo". Assim, procura deslegitimar a luta contra a impunidade.

A verdade para eles é religiosa - no mau sentido da palavra - ou seja, lealdade incondicional e acima da lei ao partido.

Mas, como gritamos ontem à noite na Praça dos Três Poderes, o Brasil não é a Venezuela.

Aqui há instituições, há sistema do mérito no serviço público, há uma economia com alguns setores  sólidos e há um povo mais atento e amadurecido, apesar de ter eleito gente como Renan Calheiros Eduardo Cunha.

O país vai continuar mal por muito tempo. O PIB per capita vai levar 8 anos para recuperar os níveis de 2013.

Mas estou convencido de que começamos ontem a  "cortar o mal pela raíz".

Isso começou na verdade domingo passado, com a participação de 6,4 milhões de manifestantes a favor das instituições, da justiça, da Lava Jato, do Juiz Moro e contra um governo que perdeu toda legitimidade.

Perdeu legitimidade pela política econômica populista - defcit público fora de controle, esquemas de pedalagens, contabilidade criativa, em síntese,  manipulação de dados (como Delfim na ditadura militar).

 Em lugar de definir rumos para a economia, estimular a criatividade, alicerçar a infraestrutura, nada disso. O que valia mesmo era a economia política do marketing. Ou seja, apenas incentivos ao consumo, ao crédito e subsídios a grupos empresariais identificados com esquemas de corrupção do Governo.

Isso ocorreu  desde a metade final do segundo mandato do Lula - quando Palocci foi substituído por  Mantega. Esse inaugurou um modelo falido - a Nova Matriz Macroeconômica. Mas se agravou mesmo com Dilma.

Perdeu  legitimidade não só pela economia, mas também pela corrupção sistêmica - aquela que afeta o conjunto das instituições do Estado - por meio do aparelhamento abrangente da máquina publica e desvio amplo e sistemático de recursos públicos. 

Corrupção sempre houve. Mas não nos níveis atuais. Não corrupção como instrumento para perpetuar um partido no poder. Os recursos arrecadados eram tão elevados que "compravam" o apoio de muitos setores da economia e de diversos  segmentos da população.

Assim,  democracia perdia seu traço essencial - a alternância no poder.  Com recursos tão vultosos, a máquina eleitoral do PT se tornava imbatível, sobretudo num país com tanta desigualdade e carência de educação como o Brasil.

Algumas instituições se salvaram do aparelhamento - não por acaso, as instituições de controle - TCU, Ministério Público,  Judiciário e Polícia Federal.

A parir de ontem,  país está testemunhando a  última cartada de Dilma - a ida de Lula para a Casa Civil, como verdadeiro Primeiro Ministro de um Presidencialismo de Cooptação.

Essa última cartada tem três objetivos,  todos altamente prejudiciais  ao país: amordaçar a Polícia Federal e o Juiz Sergio Moro; bloquear o avanço do impeachment;  e salvar o Grande Líder  da cadeia.

Apesar dessas perigosas ameaças, estou confiante de de nossa capacidade de superá-las.

As instituições de controle em funcionamento, a imprensa livre e o clamor das ruas são mais vigorosos  que as forças destrutivas.

Mas, para que a esperança vença, é preciso preservar a indignação.

Nesse momento de necessária indignação vale a máxima que aprendi com meu pai e que muitas vezes - nem sempre -  é o caminho da libertação. "A rebeldia é o mais alto atributo do caráter"

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